"Durante os nossos primeiros anos na Faculdade de Medicina, passámos horas a fio a aprender novas palavras, memorizando vocabulário como se estivéssemos a estudar uma língua estrangeira. Descobrimos que algumas palavras que soavam estrangeiras representavam, na realidade, coisas banais e familiares: parotidite era papeira e prurido significava comichão. Hoje, damos por nós a aprender uma nova linguagem da Medicina repleta de palavras que nos parecem familiares, mas que acabamos por percepcionar como se fossem estrangeiras. Os doentes já não são doentes, mas sim clientes ou consumidores. Os médicos e enfermeiros transformaram-se em prestadores (de serviços de saúde). Estes descritivos têm vindo a ser cada vez mais largamente adoptados, quer pelos media, quer por publicações médicas, e, até mesmo, em jornadas ou reuniões científicas."«A maior recompensa da vida é ela própria. Creio que em tudo o que disse não disse afinal outra coisa. Creio que de tudo o que me fascinou nada me fascinou mais do que a vida, o seu mistério inesgotável, a sua inesgotável maravilha. Dou balanço a tudo quanto me acontece, e a vertigem de ter vivido absorve e aniquila o que aí falou e mentiu. Foi bom ter nascido. Foi bom não ter acabado ainda de nascer...» (Vergílio Ferreira)
terça-feira, 25 de outubro de 2011
A Nova Linguagem da Medicina
"Durante os nossos primeiros anos na Faculdade de Medicina, passámos horas a fio a aprender novas palavras, memorizando vocabulário como se estivéssemos a estudar uma língua estrangeira. Descobrimos que algumas palavras que soavam estrangeiras representavam, na realidade, coisas banais e familiares: parotidite era papeira e prurido significava comichão. Hoje, damos por nós a aprender uma nova linguagem da Medicina repleta de palavras que nos parecem familiares, mas que acabamos por percepcionar como se fossem estrangeiras. Os doentes já não são doentes, mas sim clientes ou consumidores. Os médicos e enfermeiros transformaram-se em prestadores (de serviços de saúde). Estes descritivos têm vindo a ser cada vez mais largamente adoptados, quer pelos media, quer por publicações médicas, e, até mesmo, em jornadas ou reuniões científicas."
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