terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vermelho Vivo!

Bem, já tive oportunidade de criticar. É chegada a hora de elogiar e congratular este treinador, esta equipa, este símbolo, esta paixão!
Por conta disto, já hoje me chamaram "chata", insuportável e irritante, sem, no entanto, muito dizer sobre este assunto. É, então altura de exercer na plenitude a minha inexcedível capacidade de ser deveras "chata", irritante e insuportável.
Mais uma goleada! Perdão, mais uma sova! Ou, uma abada, se preferirem!... E, o primeiro lugar na liga! Ah, e desculpem lá por isto ser tão tremendamente irritante! Não há direito de se ser assim tão "chato". Roubar-vos o mote de produzir irritação de que têm gozado usufruir nas últimas épocas.
E, assim se prova a nossa superior qualidade e importância, já que conseguimos, em pouco mais do que meia dúzia de jornadas, produzir tanto prurido nos adversários como eles criaram nos últimos 5 anos.
Poderia dizer muita coisa, mas deixo-vos, em seguida, com excertos de duas das colunas de opinião de Ricardo Araújo Pereira no jornal A Bola, que, quanto a mim, são qualquer coisa de precioso e dizem tudo! Enjoy it!


"Lamento muito, mas um adepto não deve apenas dizer bem. Sobretudo quando é fácil. Apesar do bom futebol, das vitórias, do imenso receio que o Benfica inspira aos adversários, da profunda satisfação que todos os benfiquistas sentem quando vêem a equipa jogar, nem tudo corre bem. Um treinador deve exercer um controlo perfeito sobre a equipa e Jorge Jesus, por muito que me custe admiti-lo, não consegue. São já várias as conferências de imprensa em que o treinador do Benfica lembra que a equipa não pode golear sempre. Os jogadores, num acto de indisciplina recorrente, e que mereceria castigo sério, continuam a desmenti-lo. Quando chegou ao Benfica, Jorge Jesus disse que os jogadores iriam jogar o dobro do que haviam jogado no ano passado. Neste momento, os jogadores jogam o quádruplo do que Jorge Jesus pensava que eles iam jogar. É muito feio faltar ao prometido.

As falsas expectativas que o treinador do Benfica lançou no início da época tiveram efeitos muito negativos até na minha vida pessoal. Quando soube que o Benfica jogaria o dobro do que havia jogado no ano passado fiquei contente, mas não demasiado. O Benfica não jogava assim tanto para que a perspectiva de passar a jogar apenas o dobro fosse especialmente apelativa. Por isso, cometi a imprudência de marcar compromissos profissionais para dias de jogo do Benfica. Não pude ver no estádio a goleada ao Everton e fui forçado a acompanhar a goleada ao Belenenses apenas na televisão. Tivesse Jorge Jesus sido rigoroso e eu teria metido licença sem vencimento até ao fim da época.

Muito embora o Benfica seja, neste momento, uma máquina de triturar equipas e fazer golos, muita gente adverte ainda para os perigos que podem resultar do entusiasmo dos benfiquistas. Pelos vistos, o entusiasmo benfiquista é perigoso. Quando as outras equipas perdem, o adversário joga melhor. Quando o Benfica perde, a culpa é do entusiasmo dos sócios. Não se percebe a razão pela qual os outros treinam: segundo esta curiosa teoria, basta entusiasmarem-nos o terceiro anel para estarmos em apuros. O mais interessante é que o mesmo entusiasmo, tão contraproducente, também é apontado como um factor que nos beneficia. Sportinguistas e portistas queixam-se de que a onda de entusiasmo contagia os jornais e empurra o Benfica, o treinador do Braga lamenta que o Benfica seja levado ao colo pela euforia dos seus próprios adeptos. Em Portugal, ser levado ao colo pelo entusiasmo dos adeptos é crime, ser levado ao colo pela arbitragem é dirigismo brilhante. O treinador do Braga, por exemplo, nunca se queixou disso. Calha sempre estar a olhar para o chão.
"
(por R. Araújo Pereira in A Bola, em 24 de Outubro de 2009)



"E a seguir foi a maldita pré-época. Que interessava ganhar todas as competições? Muitas vezes, as equipas que fazem as melhores exibições na pré-época são as que jogam pior no campeonato, disseram uns. O candidato a presidente do Benfica é que nunca mais disse nada, o que é pena.Depois, vieram os primeiros jogos do campeonato. Sim, a equipa joga bem, mas é demasiado cedo para estar a jogar bem, disseram uns. Ao que parece, as boas exibições têm o seu tempo, e não é este. O Benfica, por incompetência ou ingenuidade, cometia a estupidez de jogar bom futebol. Logo a seguir, veio a primeira goleada - curiosamente, a maior das últimas décadas. Não impressionou. Normalíssimo, disseram uns. No ano passado também deram seis ao Marítimo e depois ficaram dois meses sem marcar, disseram outros. Havia que esperar pela semana seguinte. E então, esperou-se. Infelizmente, houve nova goleada. E depois, nova vitória. Os reforços são óptimos, o treinador é muito competente, a pré-época cumpriu as suas promessas, e as goleadas persistem. Não se faz. É muito aborrecido quando a realidade contraria sistematicamente os desejos das pessoas. Julgo que este Benfica deve um pedido de desculpas a muita gente.


Até aos benfiquistas, que também estão desiludidos. Que graça tem estar a ganhar por três ao quarto de hora? Que sentido faz um adepto ter de pedir ao companheiro do lado que lhe ausculte o peito, a ver se o coração continua a bater? Não há um resultado tangencial que o sobressalte, um contra-ataque perigoso que o faça palpitar, uma bola na trave que o obrigue a dar sinal. O Sr. Jorge Jesus e os seus pupilos têm consciência das dores musculares com que um ser humano fica quando é forçado a levantar-se de um salto oito vezes no espaço de uma hora e meia? Eu pago para ver futebol, não é para fazer aeróbica. Aviso já que vou passar a levantar-me apenas de três em três golos, uma vez que não tenho preparação física para acompanhar esta equipa. Espero em breve levantar-me por cinco vezes. Como sabem, ando há muito tempo a desejar um 15 a 0."
(por R. Araújo Pereira in A Bola)





Sophia

domingo, 18 de outubro de 2009

Sempre que Possível...

MY WAY

"And now the end is near
And so I face the final curtin
My friend, I'll say it clear
I'll state my case of which I'm certain
I've lived a life thats full
I've travelled each and every highway
and oh much more than that
I did it my way

Regrets I've had a few
But then again too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exemption
I planned each chartered course
Each careful step along the by-way
And more, much more than this
I did it my way

Yes, there were times
I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all when there was doubt
I ate it up and spit it out
I faced it all
And I stood tall
And did it my way

I've loved, I've laughed, and cried
I've had my fill, my share of losing
And now, as tears subside
I find it all so amusing
To think I did all that
And may I say, not in a shy way
"Oh no, oh no, not me
I did it my way"

For what is a man, what has he got?
If not himself then he has naught
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels
The record shows I took the blows
And did it my way

Yes, it was my way"
(Frank Sinatra)




Sophia

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olimpíadas da Desigualdade

O Comité Olímpico Internacional decidiu hoje o plano de organização dos Jogos Olímpicos de 2016, designando o Brasil como país anfitrião.
A história repete-se. Um país de desigualdades, de contrastes sociais, de pobreza e criminalidade a níveis profundamente alarmantes, recebe o rebuçado, para glorificação dos organizadores e júbilo das classes mais abarcadas por essas diferenças e dificuldades, que são os que menos recebem do lucro deste bolo e os que mais ajudam a engordá-lo, pelo espírito e entusiasmo que dão a este tipo de eventos.
Poderia comparar isto a algo que se passou em 2004, no nosso Portugal, com uma única e grande diferença: o Brasil, embora alimentando estes fossos sociais, é, efectivamente, um país grande e rico, uma potência económica mundial.
Devíamos atentar não nos pontos negativos, mas nas qualidades que nos mostram.
Sugiro que se ponha de lado a mania das grandezas e que se faça algo para se ser, de facto, grande e forte.




Sophia

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Que Nos Conta a Es/História...

Completam-se hoje 70 anos desde que a Alemanha Hitleriana invadiu a Polónia, lançando ao chão a primeira pedra, para o início de uma grande lição para a humanidade, a Segunda Guerra Mundial. Mais do que relembrar aquilo que o passado nos ensinou, ou devia ter ensinado, esta data serve ainda de repto para vos recomendar uma obra que nos conta uma estória ligeiramente diferente, ao fim ao cabo, uma perspectiva diferente de uma história que já conhecemos, o filme Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino.
Neste filme, os mártires judeus e os seus aliados assumem um novo papel ao responderem ao terror nazi com idêntica crueldade.
Certo ou errado!? Isso é com cada um.
O que nos é, de facto, oferecido é uma imagem diferente de um tema que poderia parecer já cinematograficamente esgotado, na forma de um humor inteligente, por vezes, subtil, não ofensivo, mesclado com algumas imagens e sons fortes para os mais susceptíveis e com interpretações praticamente irrepreensíveis.
Quanto à estória e a tudo o resto, apenas vos digo para verem, porque vale a pena!


Sophia

Sarcasmo com Nota 20

Quase ao jeito de uma Cantiga de Escárnio e Maldizer dos tempos Medievais, este texto irreverente e aguçadamente irónico, pega no mais mesquinho da mente e hábito portugueses para uma tentativa de educação e promoção de saúde. Depois de tantas campanhas pela via da seriedade, resta o caminho do sarcasmo e o tom provocatório, para tentar abanar o excesso de facilitismo nacional e criar comportamentos minimamente responsáveis e salutares na população portuguesa.

Dez dicas para um Verão irresponsável

"E eis que o momento de descontrair se aproxima. Contam-se as semanas, depois os dias, depois as horas... e as férias de Verão chegaram. Você, contudo, não é como os outros. O seu espírito indómito e independente pode levá-lo onde poucos chegaram. Ficam abaixo alguns conselhos que garantem que terá o Verão mais inesquecível da sua vida.

Em viagem
1. Velocidade e segurança
O seu carro é uma bomba e as auto-estradas não foram feitas para otários. Em três ou quatro horas é perfeitamente possível ir do Porto ao Algarve a uns tranquilos 180-200 Km/hora . Não deve usar cinto de segurança , claro, porque isso impede-o de se espreguiçar quando lhe dá o sono, o que pode ser perigoso. Do mesmo modo, as crianças ficam irritadiças com os cintos, pelo que podem perfeitamente brincar com o cão soltas lá atrás.


2. Água
Não leve água no carro. Aumenta desnecessariamente o peso da viatura e priva-o da aventura de, num descampado, procurar um regato ou um poço com as crianças, de onde beberão a pura água da natureza (não é preciso ligar à cabra morta que está de molho a montante, que é tudo orgânico).

3. Janelas abertas
O vento a entrar pelas janelas do carro cria uma enorme sensação de liberdade. Isto é sobretudo verdade logo de manhãzinha e no princípio do Verão, com
níveis polínicos incandescentes, e ainda mais se tiver a sorte de sofrer de rinite alérgica ou de asma. Nada de ares condicionados com filtros no carro, que toda a gente sabe que fazem mal à saúde: janelas abertas é que é. Logo à noite os seus olhos e nariz congestionados e a pingar serão o sucesso do restaurante.

Praia e campo
4. Sol
Você quer para si e para a sua família aquele ar curtido dos verdadeiros pioneiros, certo? Portanto,
esqueça os protectores solares e hidratantes. Quando muito, um óleo bronzeador, que reforça o tom da pele. Tenha o cuidado de chegar com a família à praia pelas onze e meia da manhã, de modo a serem vistos em todo o vosso esplendor. Nem pensar em t-shirts brancas, que ferem a vista, nem em chapéus para adultos ou crianças, que o ar do mar e o sol enrijecem os miúdos, e quanto mais novos começarem, melhor. Faça umas sestas retemperadoras ao sol, tendo o cuidado de se virar periodicamente para tostar por igual. Depois das quatro da tarde já não há ninguém de jeito na praia, pelo que o melhor é mesmo regressar a casa. Se à noite você e o seu par estiverem virados para um momento romântico, o toque sado-maso da pele queimada aliado ao contorcionismo kamasútrico necessário para evitarem as áreas escaldadas resultarão num importante reforço da vossa relação.

5. Bebida
A água, está comprovado cientificamente, enferruja. Em passeios no campo ou na praia deve beber-se
bebidas fortes, com muito açúcar, e isto para as crianças, claro, que há cerveja e cocktails em abundância para os adultos. O álcool, sobretudo, deve ser consumido em grandes quantidades porque depura substâncias nocivas através dos poros.

6. Comida
O ar forte do mar e do campo exigem alimentação à altura. Fruta e saladas, nunca - apenas
vegetarianos anémicos defendem esse tipo de absurdo. A feijoada que sobrou do jantar da véspera dará um excelente piquenique. Uma boa sardinhada (pelos menos uma dúzia de sardinhas por cabeça, mais a respectiva dose de batatas, pão, pimentos e tinto) um cabrito no forno, favas com chouriço, são pratos tradicionais adaptadíssimos a um dia na praia. Saia directamente da mesa para um banho de mar e desfrute do indizível contraste com a frescura das ondas, bem como da alta tecnologia da ambulância do INEM que o conduzirá à Urgência mais próxima.

7. Repelentes de insectos
Os repelentes são uma
invenção inútil da indústria. O contacto com mosquitos, pulgas, carraças, vespas e outros seres naturais deve ser encorajado, tornando-nos unos com a Mãe-Terra. Uma criança crivada de picadas desencadeia ternura. Poucas imagens são mais estimulantes que a de um homem às quatro da manhã aos saltos na cama em confraternização com as melgas que o acompanham na travessia da noite.

8. Crianças à solta (piscinas, poços, etc.)
As férias são um espaço de liberdade e aventura. As crianças devem ser encorajadas a explorar, desde cedo, a natureza que as rodeia, e a descobrir, autonomamente, os instrumentos de sobrevivência de que a natureza as dotou. As piscinas sem protecção, por exemplo, são um
óptimo meio de aprendizagem de natação para bebés. No campo, poços, ravinas, buracos, destroços, constituem fascinantes oportunidades de descoberta que as crianças deverão explorar por si mesmas. Alguns danos colaterais apenas reforçam a capacidade darwiniana de sobrevivência da espécie.

Discoteca
9. Pastilhas e líquidos
Se gosta de dançar, o Verão é para si: as discotecas estão repletas de gente linda e feliz. À entrada encontra facilmente uns senhores muito simpáticos que lhe providenciarão um amplo suprimento de
pastilhas naturais (ou não) que lhe permitirão bombar até às duas da tarde do dia seguinte. Use e abuse das pastilhas e beba toda a água que possa, de preferência água destilada, que é mais pura, acompanhada do maior número de shots que for capaz de emborcar. Não consuma bebidas com electrólitos - afinal a ideia é mesmo depurar o seu corpo de todos os electrólitos e sais minerais possíveis através do suor. As memórias de uma noite assim farão mais tarde as delícias dos seus companheiros de hemodiálise - isto, claro, se na altura ainda for capaz de falar.

Sexo
10. Preservativos
O sexo, no Verão, é mais escaldante - rever o ponto 4, acima - e você não quer perder nada do que estiver ao seu alcance. Sendo jovem (seja qual for a sua idade), forte e saudável, nada evidentemente lhe toca. Portanto, sexo é quando e como lhe apetecer e, claro, sem preservativo, que temos de proteger as florestas amazónicas que dão borracha. De qualquer modo a SIDA é um mito inventado para vender comprimidos caros e é fácil perceber se alguém está infectado pelo aspecto da pessoa, certo
?"


(por Armando Brito e Sá, Médico de Medicina Geral e Familiar e Professor no Instituto de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina de Lisboa)

Porque as coisas não acontecem só aos outros, porque sorte não é partir uma perna em vez de morrer num acidente de viação e porque o azar não está sempre atrás da porta...
Mas, porque, muitas vezes, se colhe o que se semeia e esta m... não é toda nossa...
Resta acreditar que os portugueses percebem o conteúdo irónico deste artigo e esperar que tenha alguns efeitos positivos na nossa mentalidade e no nosso conceito de civismo.



Sophia

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vontade

"Nunca a alheia vontade, inda que grata,
Cumpras por própria.
Manda no que fazes,
Nem de ti mesmo servo.
Ninguém te dá quem és.
Nada te mude.
Teu íntimo destino involuntário
Cumpre alto.
Sê teu filho."
(Ricardo Reis)


Sophia

sábado, 4 de abril de 2009

Bússola Desorientada!

"...sem rota, nem bússola.
Estava sempre a esbarrar nas coisas, talvez por carolice.
Nunca me tinha sentido perdido.
Tu eras o meu verdadeiro Norte.
Quando tu eras o meu porto, sabia sempre voltar para casa."
(Nicholas Sparks in Palavras Que Nunca te Direi)



Sophia

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Confiança

"O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova..."
(Miguel Torga)



Sophia