quarta-feira, 30 de abril de 2008

Saudade

Queria ter ido, mas, não fui. Queria ter sido capaz de ir, mas, não fui. Algo se adiantou e decidiu que não fosse. Queria dizer tudo e não disse. Queria poder conseguir tudo e não consegui. Consegui tudo o que podia e isso basta-me. A mim e a vocês também, estou certa disso.
Queria ter ido e não fui. Queria ter conseguido e não consegui. E, por isso, estou aqui. Estou aqui. Estou aqui e não esqueço. Estou aqui e tenho-vos comigo. Queria ter ido, mas, não fui. Estou aqui. E tenho comigo uma mensagem, com grande grau de certeza a mais difícil que alguma vez hei-de escrever, uma mensagem de quatro nomes e muitos sentimentos. Estou aqui. Aqui, com amor, alegria, tristeza, saudade, lembrança, gratidão e preserverança; aqui, com quatro nomes e tudo o que sou...
...Obrigada!


Sophia

Distorções

Distorce-se a realidade, distorcem-se os princípios, distorce-se o carácter e a personalidade, distorcem-se os sentimentos, distorcem-se os amigos, os colegas e os conhecidos, distorcem-se as palavras e o seu tom... Num gesto facilitista e arrogante, distorce-se tudo, tudo o que há em redor, desde que isso seja conveniente e sirva qualquer propósito desejado.
É assim!...Um jogo de espelhos corrupto, desonesto, mas, por certo muito aliciante para os espíritos mais fracos. Espelhos constantemente manobrados e direccionados consoante os ângulos mais proveitosos, como se de um girassol se tratasse; espelhos que insistentemente, a cada tempo reflectem uma imagem diferente, conforme mais lhes convém; espelhos que se desdobram e multiplicam, sendo cada vez mais utilizados como método e como escape, atingindo tal disseminação que lhes permite ser a normalidade.
Mas, que raio!
Onde está a normalidade disto!? Onde se encontra normalidade na manipulação, na falsidade, no cinismo, na mesquinhez, na corrupção, na ausência de princípios e no carácter reptilário de tais mentes retorcidas!?
São distorções, falseamentos que se ampliam e se somam. São cada vez mais comuns, são distorções das pessoas, da sociedade, dos países e do mundo, distorções que nos aproximam da primitividade inicial e animalesca da espécie. São repugnantes falseamentos e não vejo normalidade nenhuma nisso!


Sophia

sábado, 26 de abril de 2008

Há dias

Ontem foi dia 25 de Abril. Sim, é o dia em que se comemora a Revolução dos Cravos, o Dia da Liberdade, sim é isso, e, infelizmente, valorizamo-lo, cada vez mais, pelos motivos errados.
Mas, bom, não é isso que pretendo discutir agora.
Dia 25 de Abril é também o dia da Fiesta della Liberazione italiana, que visa homenagear a resistência italiana e comemorar a libertação da Itália no fim da 2ª Guerra Mundial.
Ontem foi também o dia em que se completaram 55 anos da publicação do artigo de James Watson e Francis Crick na revista Nature, no qual trouxeram à luz a sua descoberta da estrutura do DNA.
E, entre muitas outras coisas, foi também um dia em que nasceram bébés!...No HSM foram só meninas. Terá algo a ver com a nossa natureza revolucionária!?...


Sophia

domingo, 20 de abril de 2008

Sísifo

Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.


E nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És Homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...


(Miguel Torga)


Sophia

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Cansaço

Tendo em consideração o tema da minha última mensagem sobre a adesão à produção literária nacional e este meu período de ausência, deixo-vos com um poema de um expoente máximo da literatura portuguesa e de que gosto bastante:

O que há em mim é sobretudo cansaço.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado!?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

(Álvaro de Campos)

Sophia