quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Ciência e Arte

Hoje, apenas uma curta mensagem, que deixo ao cuidado do vosso sentido crítico e à consideração dos vossos comentários, estando certa, porém, e sem qualquer desprimor pelos restantes, de que o pessoal de Medicina perceberá melhor onde quero chegar.
Todos já conhecem decerto a expressão, repleta de verdade: A Medicina é uma arte. Mas, William Osler suplanta esta interpretação ao afirmar, de modo tão ou mais verídico, que A Medicina é a ciência da incerteza e a arte da probabilidade.
Ora, digam-me se esta não é uma boa definição de Medicina!?


Sophia

5 comentários:

Casimiro disse...

Eu continuo a achar difícil adequar o termo arte à Medicina... Para mim é ciência pura. Mais vale fazer uma coisa feia e útil e que uma obra-de-arte que não serve de nada. É como diz a outra expressão também bastante verídica: "De nada vale fazer uma cirurgia muito bem feita se o doente passar a ser o mais bem operado do talhão.".

Francisco M. disse...

Se me permites (uma vez que não spu de Medicina mas sou de algo perto também...) a palavra "arte" é também muito aplicada à Enfermagem como "A Enfermagem é a arte de (...)"...
Apesar de ser uma frase célebre, eu nunca lhe achei muito sentido: para mim cuidar de uma pessoa é humano e não arte - arte seria se estivesse a cuidar de um objecto mas não é o caso...
Por ventura a ciência para mim faz muito mais sentido aliadas a áreas como a medicina ou enfermagem do que propriamente a arte...
Deixem a arte com os pintores...

Sophia disse...

Antes de mais, percebo os vossos pontos de vista e agradeço que os tenham partilhado pelos vossos comentários.
Queria apenas dizer que a Medicina é uma ciência, mas, em meu ver, não é uma ciência pura. A ciência pura caracteriza-se sempre pela sua objectividade. Na ciência pura 2+2 são sempre 4. A Medicina tem como "objecto de estudo" o ser humano, cuja marca é a sua subjectividade. A Medicina é, como todas as outras ciências, feita por pessoas e para pessoas, mas, para além disso, é feita sobre/assenta em pessoas e isso, carrega-a de subjectividade. Em Medicina, e vocês sabem-no, 2+2 nem sempre são 4. Por isso, considero-a uma ciência, mas não uma ciência pura.
Quanto ao conceito de arte, interpreto-o no sentido em que, quando não temos solução para dar a um doente, quando nada mais podemos fazer ou oferecer medica, tecnica nem cientificamente para ajudar o doente, muitas vezes, temos (é nossa obrigação, pelo menos assim o entendo)de ser "artistas" e buscar, descobrir em nós, nos outros e em tudo aquilo que sabemos e conhecemos da vida, para lá da Medicina, e "criar" uma forma de melhorar, ou pelo menos, minorizar o sofrimento e a irresolubilidade de algumas situações. E mesmo, quando são casos em que a Medicina pode resolver, devemos ir mais além e dar mais do que ciência. Daí a "arte". Acho que no fundo, aqui, a arte é sinónimo daquilo que o Chico disse, e muito bem, ser humano!

Nuno Tavares Lopes disse...

“Tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o homem que tem a doença”

William Osler

Sophia disse...

Obrigada pela citação extra que acrescentaste. É uma ideia de valor.